sábado, 7 de fevereiro de 2009

SINAIS DE UM DIA DE 25 JAN a 07 FEV 2009

INTERNACIONAL


NEVÃO PÁRA EUROPA

Tempestade. Na capital inglesa fecharam escolas, a maioria das linhas de metro foram suspensas, os autocarros não circularam e registaram-se cancelamentos e atrasos nos voos dos principais aeroportos. Instituto de meteorologia britânico prevê que a neve e o frio permaneçam até ao final da semana. Há 18 anos que não nevava assim em Londres. A capital britânica acordou ontem coberta por um manto de neve que lançou o caos no sistema de transportes públicos, fechou escolas e deixou 80 por cento dos londrinos barricados em casa, impedidos de ir trabalhar. A tempestade que se abateu sobre Londres e o sul do país desde o final da tarde de domingo é a maior dos últimos dezoito anos. in DN


Obama prepara nova estratégia económica

Estados Unidos. Dimensão da crise leva Presidente americano a apresentar novo pacote de medidas na expectativa de inverter a conjuntura negativa. Mas os números mais recentes indicam que trabalhadores e empresários vão viver um difícil 2009
Uma situação económica "catastrófica" exige medidas excepcionais, como aquelas que serão anunciadas amanhã ou terça-feira pelo secretário do Tesouro, Tim Geithner, afirmou ontem Barack Obama na alocução radiofónica presidencial dos sábados.
As medidas irão incidir no sector bancário, nas empresas cotadas em Wall Street e na criação de mecanismos para facilitar o acesso das empresas e particulares ao crédito. E implicarão a mobilização de verbas superiores aos 700 mil milhões de dólares do programa económico de emergência aprovado pelo Congresso americano no final do ano passado. Dos quais metade já foi gasto.
"Assim como incentivámos a criação de empregos, devemos assegurar a estabilidade dos mercados, o acesso ao crédito e a permanência das famílias nas suas casas", explicou Obama um dia depois do Departamento do Comércio ter divulgado dados que colocam a economia americana perante o pior momento dos últimos 27 anos. in DN


NACIONAL


Primeiro chumbo do Freeport terá sido "estratégico"

Ambiente. Entre 1999 e 2001 houve reuniões no ministério com o presidente da Câmara de Alcochete e o Freeport. Foi dada luz verde, mas o projecto acabou chumbado. Os técnicos foram informados por um dirigente que era "chumbo estratégico" para posterior aprovação. A informação foi dada à PJ nas investigações
Um responsável do Instituto de Conservação da Natureza (ICN) terá anunciado aos técnicos do organismo que o projecto do outlet Freeport ia ser "chumbado", em Dezembro de 2001, mas que era um "chumbo estratégico, pois em três meses ia estar tudo resolvido". O que aconteceu. A aprovação acabou por acontecer em Março de 2002. Esta decisão apanhou de surpresa até os próprios serviços do ICN que já tinham feito um primeiro parecer, em 1999, a dar luz verde ao empreendimento. Este parecer favorável do ICN considerava que o projecto do Freeport se enquadrava no plano de gestão da Zona de Protecção Especial (ZPE), pois a área em causa era degradada, com solos contaminados por uma fábrica de pneus já desactivada e não tinha habitats importantes. A partir da emissão deste parecer, quer o promotor do Freeport quer o presidente da Câmara de Alcochete da altura, o comunista Miguel Boieiro, participaram em várias reuniões com técnicos superiores do Ministério do Ambiente, nas quais, segundo o ex-presidente da Câmara, "o projecto foi adaptado às exigências feitas para que fosse aprovado no Estudo de Impacte Ambiental". Fonte que acompanhou este processo recordou ao DN que "estava garantido que o projecto ia avançar a ponto de ter sido permitido que o promotor descontaminasse os solos, demolisse o que restava da fábrica e vedasse o terreno". Mais tarde, em 2005, a Polícia Judiciária foi informada deste facto, na altura das primeiras buscas do processo Freeport. A confirmar a alegada estratégia do 'falso' chumbo está a surpresa com que a decisão foi recebida em Alcochete. "Há pelo menos dois anos que tinha reuniões regulares no Ministério do Ambiente e tudo o que pediam para ser alterado, para minimizar os impactes ambientais, foi feito", afiança Miguel Boieiro. "Quando todos esperávamos um sim, fomos surpreendidos com um não, que ninguém percebeu". Quando o "chumbo estratégico" foi anunciado, a quatro dias das eleições autárquicas, foi um "duro golpe" para o então candidato da CDU, que tinha o Freeport como uma das suas grandes apostas de desenvolvimento do concelho. Perderia as eleições para o PS. "Foi com grande espanto que recebi a notícia, pelo jornal, do chumbo do empreendimento", lembra o autarca, actualmente presidente da assembleia municipal. No entender de Boieiro, "a questão ambiental, como motivo do chumbo, era uma falsa questão". Argumenta que a ZPE tinha sido "feita em gabinetes por pessoas que não conheciam o terreno". A área em causa, sublinha, "estava degradada, contaminada por décadas de funcionamento de uma fábrica e nem devia ter sido incluída na ZPE". Aliás, declara, "um dos motivos porque sempre apoiei a instalação do Freeport naquele local foi, precisamente, por o considerar bom para o ambiente". Miguel Boieiro garante que nunca foi alvo de "qualquer tentativa de suborno". in DN

A realidade de Sócrates em termos substantivos

José Sócrates voltou a falar ao País no dia em que foi conhecido o comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Diário de Notícias teve acesso ao conteúdo da carta rogatória que o Departamento de Investigação de Fraudes Graves (Serious Fraud Office) da polícia inglesa enviou ao Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP). Como é público, a PGR confirmou a recepção da carta rogatória (a 19 de Janeiro p.p.) e informou que estão "neste momento a ser efectuadas perícias pelo departamento competente da PJ sobre diversos fluxos bancários", sendo que a carta "irá ser cumprida, de acordo com a Convenção sobre Cooperação Internacional em matéria penal, como tem acontecido durante a investigação". José Sócrates - confirma-se - é um dos quatro cidadãos portugueses sobre os quais é pedida informação porque "são considerados sob investigação por terem solicitado, recebido ou facilitado pagamentos" no âmbito do chamado caso Freeport. A primeira explicação aos leitores é esta: a Direcção do DN decidiu publicar o conteúdo da carta rogatória porque o considera uma peça importante no sentido da compreensão deste delicado processo que agita a vida pública portuguesa. A partir de agora, todos os nossos leitores podem reflectir individualmente sobre o que está em causa e tirar as suas próprias conclusões de forma objectiva. Um documento com este grau de delicadeza, ainda para mais vindo do estrangeiro (e que, no dizer da PGR, "não contém nenhum facto juridicamente relevante"), não deve apenas ser filtrado para a opinião pública por citações avulsas. Cremos que o jornalismo substantivo se faz do conhecimento de peças completas como esta. O leitor avaliará e formará a sua própria opinião, ficando mais capaz para processar e interpretar toda a informação conhecida até agora e que, provavelmente, conhecerá outros desenvolvimentos. O DN não tem nada a acrescentar aos lugares-comuns com que nestes momentos se defendem os cidadãos de eventuais suspeitas. Enquanto a justiça faz o seu trabalho (como ontem explicou a magistrada Cândida Almeida numa importante entrevista a Judite de Sousa, na RTP), o que há para apreciar são as condições objectivas com que o primeiro-ministro pode continuar a exercer o mandato que lhe foi maioritariamente confiado pelos portugueses. Como se viu ontem, em mais uma intervenção pública específica sobre este caso, José Sócrates considera que este "é um teste de resistência" contra uma "campanha negra" que lhe estará a ser movida "por poderes ocultos". O primeiro-ministro promete luta, mas a verdade é que neste momento o tempo parece correr contra ele. Cada dia que passa tem estado a aumentar a pressão, até sobre o colectivo do Governo. Uma figura pública não consegue estar sob suspeita durante muito tempo sem com isso pagar o mais alto preço: o da desconfiança, que mina as condições políticas para o exercício do cargo. Neste aspecto, José Sócrates vai passar a sua prova mais difícil, pessoal e política, estando estas duas vertentes absolutamente interligadas. Se ganhar a guerra da honorabilidade no julgamento de cada um dos cidadãos, pode resistir e pensar nas próximas vitórias eleitorais que as sondagens pareciam colocar ao seu alcance. Caso contrário, 2009 vai ser um ano surpreendente. in DN


Chuva, neve e vento deixam País em alerta amarelo

Meteorologia. Neste fim-de-semana o mau tempo vai agravar-se. Mas já ontem as águas do Mondego subiram para níveis perigosos, galgando as margens e deixando em alerta toda a região de Coimbra até à Figueira da Foz. A Protecção Civil acompanhou as descargas das barragens da Aguieira e Fronhas. Chuva, neve e vento deixam País em alerta amarelo. Queda de neve acima dos 600 metros, trovoadas, queda de granizo, aguaceiros e rajadas de vento que podem atingir os 110 quilómetros/hora nas terras altas. A previsão de mau tempo para este fim-de-semana levou a Protecção Civil a colocar todos os distritos em alerta Amarelo. Mas se ontem a chuva e o vento afectaram todo o País, a situação mais preocupante foi a subida vertiginosa das águas do Mondego, que deixou em alerta de perigo máximo toda a região de Coimbra até à Figueira da Foz. A previsão de descarga de mil metros cúbicos de água por segun- do, junto ao açude-ponte, no rio Mondego, pôs o dispositivo distrital de Protecção Civil em estado de prontidão. Sapadores encheram sacos de areia, na eventualidade de terem de estancar água, bombeiros voluntários alertaram populações ribeirinhas. Responsáveis da PSP e GNR de Coimbra foram destacados para acompanhar as medidas de alerta. in DN


DESPORTO


Sporting está consciente da saída de Paulo Bento.
Treinador dos verdes e brancos acredita que o seu ciclo terminou. Há alguns clubes interessados e que já manifestaram vontade de contar com ele na próxima temporada.
Paulo Bento não vai renovar com o Sporting, agora ou no final da temporada, quando uma nova direcção tomar posse dos destinos do clube verde e branco. É esta a ideia de todo o núcleo forte dos leões, em que se incluem dirigentes, técnicos e jogadores, apurou o DN sport. Há algum tempo que Paulo Bento falou do ciclo que estava a terminar, visto que cessa o contrato no final da temporada. No entanto, segundo apurámos, essas declarações não se devem apenas a esse facto, nem sequer às eleições que se vão realizar, em princípio, em Junho. O treinador, a nível pessoal, e junto dos seus, já terá decidido que o seu ciclo nos verdes e brancos chegou ao fim. Primeiro porque entende que se for campeão poderá sair de Alvalade deixando a sua marca, caso contrário, compreende também que não tem condições para permanecer, isto depois de quatro anos ao serviço do clube de Alvalade sem ser campeão. in DN


ECONOMIA


António Marta admite falha de supervisão no caso BPN.
São mais algumas revelações numa história de prejuízos escondidos ao longo de 2008. O relatório 'O estado da nação' só chegou ao conhecimento da actual administração da SLN depois de primeiro ter sido entregue ao Banco de Portugal, no âmbito das audições feitas em Novembro, já vai em 1.800M€. AR. Quadro do Bd P não ouviu accionistas
António Marta assumiu ontem, no Parlamento, que a supervisão bancária teve uma falha. O ex-vice-governador do Banco de Portugal para a área da supervisão entre 1994 e 2006 admitiu que deveria ter convocado, em 2006, uma reunião com o Conselho Superior do BPN - o órgão onde tem assento os grandes accionistas de referência - isto quando começaram a chegar ao BP os ecos de que nem todos conheciam na globalidade a situação da instituição bancária. O ex-quadro do BP refere que apesar de o banco central português ser uma espécie de Torre de Marfim lhe chegaram ecos de que "nem todos estariam, por dentro das questões levantadas pelo Banco de Portugal ao BPN". Foi precisamente por isso, justificou, que em 2006 decidiu marcar uma reunião com todo o conselho de administração do BPN, com os auditores externos e com os ROC. O ex-vice-governador do BP voltou, ainda, a dar a sua visão da reunião que teve com Dias Loureiro, e que é contraditória com as que o actual conselheiro de Estado relatou na AR. Segundo Marta, na reunião que teve com Dias Loureiro o que lhe foi transmitido "foram preocupações" em relação à insistência do órgão regulador em relação ao BPN. "O que eu ouvi nessa audiência com Dias Loureiro foi a razão pela qual o BP andava sistematicamente a fazer perguntas ao BPN" e " disse ao dr. Dias Loureiro que tinha o direito de pedir informações, cartas e relatórios dirigidos ao BPN", referiu António Marta. O ex-vice-governador acrescenta: "Nunca ouvi qualquer preocupação em relação à falta de actuação do BP relativamente ao grupo." Para além disso, frisou que o próprio Oliveira e Costa também se sentia "perseguido" pelo BP. Recorde-se que igualmente na Comissão parlamentar de inquérito à supervisão e à nacionalização do BPN Dias Loureiro - ouvido esta terça feira - garantiu que tinha falado com António Marta para alertar para o modelo de gestão da Sociedade Lusa de Negócios (SLN). Face à discrepância de declarações António Marta garantiu estar disponível para uma acareação entre ele e Dias Loureiro sobre esta matéria. Sobre a eficiência da supervisão em Portugal, Marta defendeu que o regulador antes de tomar certas atitudes tem de ter a certeza de que um banco está com problemas. " O BP não se pode dar ao luxo de atirar uma bomba atómica sem ter um respaldo por trás" considerou Marta, lembrando que assistiu a situações difíceis, designadamente durante a crise sueca dos anos 90. in DN


Accionistas do BCP querem vender ao BBVA

Futuro. Depois da 'guerra' de 2007, um grupo de accionistas do BCP tenta resolver o 'buraco' de 2 mil milhões de euros, ou seja, as imparidades que provocaram junto de alguns bancos portugueses. A meta é vender ao BBVA, mas o banco espanhol só admite a hipótese com o aval das autoridades. Um grupo de accionistas do Banco Comercial Português (BCP) está a tentar convencer o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) a comprar o conjunto das suas participações no banco, que perfaz actualmente cerca de 25% do capital. Segundo o DN apurou, estes accionistas - onde se inclui a Teixeira Duarte, Joe Berardo, Manuel Fino, o Banco Privado Português (BPP), a Moniz da Maia, a Logoplaste, a Têxtil Manuel Gonçalves e João Pereira Coutinho - terão contraído empréstimos junto da banca portuguesa para comprar acções do BCP, nomeadamente durante a "guerra" para o controlo do banco em 2007. in DN


Prestação da casa desce 70 euros num mês

Crédito à habitação. Taxas Euribor caem 24,5%. As prestações do crédito à habitação vão cair acentuadamente no mês de Fevereiro, devido à queda das taxas Euribor. A descida pode chegar aos 71 euros num só mês, tendo em conta um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos que, em vez de ter sido contratado em Janeiro, venha a ser escriturado no próximo mês. Esta descida deverá ser da mesma ordem de grandeza para os contratos de crédito à habitação cuja revisão da taxa ocorra em Fevereiro. Assim, partindo de um cenário em que as taxas indexantes se manteriam no nível actual até final do ano, a poupança anual na prestação da casa seria de mais de 850 euros. As taxas Euribor apresentaram uma quebra significativa em Janeiro, face aos valores médios registados em Dezembro. A Euribor a seis meses atingiu, no mês que hoje termina, um valor médio de 2,539%, menos 24,5% que a média registada em Dezembro. Igual descida registou o mesmo indexante para o prazo de três meses, fechando o mês com uma média de 2,456%. in DN


LOCAL


Homicida de S. Mamede queria acertar contas familiares antigas.
O número de mortes do tiroteio de anteontem pode subir, porque há um ferido em risco de vida. Um dos principais alvos da chacina esteve a trabalhar todo o dia. Benjamim dos Reis sentia-se "abatido", ontem, ao balcão da extensão do Centro de Saúde da Batalha em S. Mamede, 24 horas depois do tiroteio que acabou em duas mortes e três feridos, um deles com a vida em risco. Era um dos alvos principais de uma lista que o primo, Quintino das Neves Júlio, autor dos disparos, trazia na cabeça há anos. Por acaso, Benjamim não se encontrava no seu habitual posto de trabalho. Foi aí que o homicida o procurou e na sua ausência disparou sobre outra funcionária (Graça Reis) que se encontrava ao balcão como era habitual. "Foi um dia de sorte para mim: o chefe mandou-me ir trabalhar para a Batalha", confessou Benjamim ao DN, ontem, visivelmente fragilizado e ainda atordoado com os acontecimentos e a preocupação que sentia pelo estado de saúde de Graça Reis. Mantinha-se, mesmo assim, a atender os utentes. O meio é pequeno e todos o conhecem. Ninguém se atrevia a falar do caso. A conversa centrava-se nos motivos de saúde que levavam cada um ao centro. "Se tivesse ficado em casa era pior, porque tinha mais tempo para pensar nisto", desabafava o homem. O que terá levado Quintino a actos tão extremos diz não saber ao certo. Mas admite que sabia constar da lista de pessoas que o primo ameaçava matar, tal como o seu pai, José Reis, e os seus três irmãos. Directamente garante que nunca foi intimidado, mas localiza desavenças de Quintino com o tio como acontecimentos longínquos. Ao contrário do que os vizinhos contam depois do tiroteio - "toda a gente sabia que um dia havia uma desgraça", comentava-se ontem na aldeia com um sentimento de alívio - não esperava que ele o procurasse para o matar. in PUBLICO